segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Ser homem...

O que é ser homem no Brasil de hoje?

Bem, como posso responder?

Uma coisa tenho certeza, não é o mesmo de que a quarenta, cinquenta ou sessenta anos atrás.

O mundo mudou de tal forma que ser ‘homem’ (Com o delicioso recurso de aspas) é, dependendo do conceito, apenas uma nomenclatura dada ao sexo que você nasce: Macho, menino; homem.

Aquele teor mais clássico, o ‘homem’ que fazia negócios empenhando um fio de sua barba, que não levava desaforo para casa e nunca, jamais e em tempo algum chorava, caiu por terra.

E francamente? Em certos pontos, ainda bem.

O homem moderno, o brasileiro atual é, acima de tudo, mais livre. Obviamente existe as expectativas sociais, familiares e religiosas, para os que crerem e são adeptos, mas mesmo elas não tem mais a pressão e peso denotativo de outrora.

Hoje um homem pode, no auge dos seus 25 anos se dar ao luxo de parar e conversar sobre videogame com os amigos sem ser taxado de criança, cretino ou imaturo...

Videogame dá dinheiro, inclusive.

E este mesmo rapaz pode chorar copiosamente ao ver uma bucólica cena de um filme ou mesmo novela, ao ponto de soluçar, e não será classificado de frouxo.

Pelo menos, não muito.

E mesmo o frouxo clássico, aquele que saia correndo ou evitava uma briga, atualmente é visto como ‘evoluido’. Alguém que não vai descer ao nível da barbárie acéfala de uma contenda física insípida a troco de nada.

Bem mais charmoso que covarde ou mesmo, frouxo.

Mas essa não é a raiz da discussão... Pelo menos, não nessa intensidade.

A questão que o “homem” moderno perdeu sua identidade e necessidade de ALFA.

Antigamente homem era aquele que provia a casa. Sustentava, educava de forma quase divina ou despótica, estava acima do bem ou do mal e seus filhos não ousavam lhe dirigir a palavra enquanto estivesse absorto em seus preciosos pensamentos. A familia era seu feudo e a prosperidade da mesma sua própria vitrine social.

Mas essa função se quebrou com o feminismo e a mudança social radical que o mundo passou. Familias chefiadas por mulheres são quase a metade. Familias compostas de pessoas do mesmo sexo crescem exponencialmente e outras, com estruturas completamente únicas existem.

E o homem?

Era chefe, agora não mais na intensidade de antes.

E então?

Ser homem no Brasil de hoje é ser parte de algo, não o algo. A propria mudança social não mais o obriga a abdicar de suas vontades para manter uma familia de modo quase militar, sustentar uma fantasia unicamente por questões sociais. Hoje ele pode se dar ao luxo de não casar, apenas estudar ou querer outro homem ao seu lado.

Não apenas isso, ser homem é ser humano. Suas funções naturais estão todas lá, garantidas, mas ele não tem mais a obrigatoriedade de transpor e assumir responsabilidades temporais por idade... Ele pode seguir seu proprio ritmo.

Mas nem tudo são flores.

Ser homem ainda é ser o forte. O estigma do ALFA continua e não pode ser desenraizado de uma cultura sem a destruir por completo. Todos esperam segurança desse homem, atitudes que vão de encontro com a postura antiga de lider, patriarcal; e isso tem que ser respeitado e vivido.

A sociedade implora para que seus arquétipos sejam mantidos. Há toda uma questão de ordem e necessidade. Por mais que uma mulher lidere, há coisas que somente um homem pode passar a segurança de fazer.

E, obvio, não estamos falando de abrir o pote de maionese e nem fazer a barba.

Mas estou me repetindo.

Ao encontrar seu novo papel na sociedade, o homem perde espaços, mas ganha uma liberdade jamais vista.

Entretanto, essa liberdade não impede que o país espere que esse homem trabalhe, seja responsável socialmente, ativo politicamente, construa e defenda sua familia e amigos... Não só eles, mas também a estranhos, tendo uma postura altruista com todos.

E no trabalho se espera que ele seja dinãmico, direto, sem rodeios e passívo de fofocas e intrigas. Sua justiça seja implicita nos atos, mas impiedoso em defender o seu e sempre olhando altivo.

O paradoxo perfeito.

Ser homem no Brasil atual é não sofrer mais a imposição da postura patriarcal do passado de uma força aterradoramente física. Ter mais tolerância da sociedade para com suas particularidades, mas dentro desse conceito, sempre esperando que ele assuma a postura de antes, que seja exatamente como os bisavós e avós, mas com o modernismo que o mundo exige.

E isso se ensina?

Nenhum comentário:

Postar um comentário